domingo, 26 de fevereiro de 2012

Incontida




Devaneio-me em muitas

Sou uma só

Com a energia incontida

Tornada pó



Muitas vezes irrefletida

Ando descalça pelos espinhos árduos do caminho

Pés ralados denunciam meu caminhar

Intenso

Denso

Incontido

Extravasado



Rompam-se as cordas das possibilidades

E eis-me lá

Sem dono

Pura alma

Sem calma

Pura vontade de viver

Além

Comigo

Com ninguém

Não importa

Incontida

Esta é a medida

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Cavalo Branco



Há momentos e momentos na vida. Turbilhões chegam e tiram o que era calmaria do fluxo certo. Sentimos os pés fora do chão, o coração acelerado e a cabeça dominada por pensamentos, pensamentos, pensamentos. Os sentimentos se confundem e em certa medida deixamos de saber quem somos, porque somos e para que somos. Existimos assim, sendo carregadas por uma força de emoção que nos transborda e na conseguimos controlar. Respirar é difícil e dizer chega a tudo isso é quase impossível. Tal qual cavalo indomável pastamos nos campos abertos cheios de força e vitalidade, alimentados pelo sabor da vida e pelo prazer de viver sem medida.
Mas o cavalo esmorece. Esmorecemos com ele. Caímos aos prantos e reconhecemos nossas fraquezas, dores e limites. Encaramos o espelho e ele nos responde que sim, precisamos parar e respirar fundo. Um recomeço antes de chegarmos ao fundo, do poço. Alimentados pelo vento, desejamos ser leves, serenos, tranqüilos. Aos poucos cada emoção vai sendo reconhecida e colocada em sua gavetinha de origem. Vamos passo a passo respirando e ensinando o cavalo a trotar. Nos entregamos a nós mesmos, e não a outrem. Confiamos que somos capazes de nos reorganizar sozinhos e seguimos em frente. Olhamos o sol, a lua, admiramos as flores, sentimos o cheiro de terra molhada. Tomamos banho de água gelada. Nos recompomos na força do amor que tudo sabe, tudo vê, tudo deseja de bom para todos os seres. E gratos seguimos em diante, na corda mais firme do que bamba, trotando nas campinas lindas com nosso cavalo branco, inigualável cavalo branco que nos alimenta e nos sustenta todos os dias.