Do que é feito o homem senão de nuvens, do céu, de flores, do mar?
De que vale a vida senão pela oportunidade que temos de sonhar?
Do que é feito o mundo senão de versos, rimas, poesias?
De que vale a morte se dela não podemos voltar?
Somos muito além do que pensamos que somos e podemos ser sempre mais. Além da aparência física, pela qual os outros nos julgam, além do reflexo, miragem, imagem que os outros fazem de nós, somos mais. Porque o que somos verdadeiramente só o nosso íntimo sabe e ele, é fato, não nos nega a chance de sermos pessoas mais justas, mais sensatas, mais generosas, mais felizes, quem sabe, a cada dia. Ele é nosso árbitro interior, nosso termômetro e a ele estamos conectados. Ao nosso íntimo. E por mais voláteis, violentos, nojentos, que sejamos, o nosso íntimo sabe que somos pessoas boas. Mas mesmo assim tem acontecimentos que nos escapam da compreensão. Tragédias, violências, aberrações... E indagamos ao nosso íntimo: como pode ? Há então no mundo pessoas que não são boas ? E o que fazemos com elas ? A vontade inicial é de acabar com tudo e junto, evaporar do mundo. Tanta barbárie, injustiça, atrocidade... Por que ? Mas o nosso íntimo sabe que isso faz parte do que chamamos de vida. Sem explicação, sem noção, só parte da vida. E então nos acalmamos e não nos condenamos por querer a morte de alguém. Faz parte, tudo bem, diz o nosso íntimo. Já, já passa, a ferida cicatriza e tocamos em frente. Porque esse é o nosso destino inalienável: seguir adiante.
E seguimos com sonhos que não são feitos de pó. Seguimos em busca de realizar cada vã esperança, cada desejo reprimido, cada instante antes abolido. Seguimos para concretizar um desejo primordial: ser feliz. Seja do jeito que for, com mais, com menos, com nada, como quisermos. Seguimos para sermos felizes, não importa onde nem com quem. Feliz. Basta.
E sonhando lembramos que o mundo é possível. Um mundo mágico, encantado, um mundo feito de versos, doces, coca-cola e poesia. Um mundo assim é possível dentro da gente e se assim for, veremos seu reflexo lá fora, em miragens, campinas, cachoeiras e paisagens.
Um mundo tal como num quadro lindo. O nosso mundo, interior.
Sem fórmulas, sem caminho. Não há trilha que nos conduza para esse lugar. Basta estarmos vivos, basta acreditar.
Do que é feito o homem senão de nuvens, do céu, de flores, do mar?
De que vale a vida senão pela oportunidade que temos de sonhar?
Do que é feito o mundo senão de versos, rimas, poesias?
De que vale a morte se dela não podemos voltar?