Tua
imagem refletida no espelho de minha memória contorce minhas tripas até o mais
profano estado de minha existência.
Mas
antes de Ti, eu.
Quem
eu era naquele turbilhão de emoções sem nome? Não me sabia, não me sabia,
simplesmente não me sabia. E lançava aos ares do recôndito mais profundo de
minha alma essa minha angústia em forma de dor, aos gritos... Berrava minha
desumanidade patética, sufocando qualquer pensamento que pudesse vir a explicá-la.
Não havia explicação. O grito transcorria em reposta a pergunta que me fazia:
meu ser era um éter mutante, desconstituído de personalidade própria, em busca
incessante do próprio caminho. Desconectada de qualquer propósito para ser,
simplesmente vagava com Tua imagem na espiral de um movimento desordenado, que
atingia o ápice caótico com bastante frequencia, ou, quase sempre. A constância
do não tempo que me dominava por completo. A insistência de nâo ser que em
redundância me era sempre.
E
depois de mim, Tu.
Eis
então que Te encontrei.
Pude
Te ver. Além dos olhos, olhei Tua carne, sufoquei Teu riso, lambi Tua pele,
mordi Teus lábios, chupei Tua lingua, fui Tua mulher, inteira, nua e crua.
Senti Teu sexo junto ao meu e juntos fomos Um na alquimia de não sermos apenas
um separado mas UM juntos, UM todo, UM. És para mim o mago sagrado de meu
processo orgástico mais alucinador. Contigo esqueci que não havia meu eu,
esqueci que só havia dor, lembrei-me do significado da palavra Amor.
E
agora você se esvai junto com o que se esvai de mim.
Fico
na ausência irrefletida de meus hábitos. Na mecânica diária do dia a dia de
todos os dias. Sozinha. Irremediavelmente sozinha. Com as tripas contorcidas
por dentro, os dentes rangendo aos berros por fora, caminhando solitária rumo
ao Nada indizível e obscuro, procurando-Te.
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